segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
terça-feira, 12 de julho de 2011
Dia após dia.
segunda-feira, 23 de maio de 2011
Apenas um belo lar. (Prelúdio de uma vida exemplar)
quinta-feira, 19 de maio de 2011
Hemorragia Existencial
estilhaços de vidro pelo chão.
Adentra a noite negra em corvo,
que pacientemente espreita o ato.
O espelho revela um rosto disforme
não reconheço mais um humano
nestas rugas que me cobrem
Me faço um estranho,
para min mesmo
Olá, prazer em conhecê-lo
me chamo ninguém.
Em fragmentos se desfaz o espelho
reflexo de uma imagem hedônea falsa.
Memórias em cacos pelo assoalho.
Descasco minha pele aos poucos,
corvo que destroça a carcaça,
detritos de minha crosta pelo chão
O sangue me cobre a face
e me vejo vermelho, crú
Me enxergo como sou, nú
carne pulsante, podre e mortal.
sexta-feira, 1 de abril de 2011
Multi Dantes
Mundolandia
segunda-feira, 7 de março de 2011
Ana Anfetamina
Silêncio contínuo, o vento não mais trespassava as frestas de sua janela, calando o mensageiro, uma terceira tentativa, agora movimenta seu braço direito bruscamente encostando sucessivas vezes sua mão na parede na tentativa de encontrar o interruptor, sem sucesso, seus membros estão anestesiados por demasia, volta a se encolher no centro da cama, com seus pensamentos alvoroçados que a envolvem como em um manto, cai no sono.
Esta numa sala de aula, as paredes se tornam maiores cada vez mais, parecem intimida-la, o barulho de passos e as conversas nos corredores são como bombas caindo em seus ouvidos, o pouco que se encontrava escrito no quadro negro está sem nexo, borrões em branco e algumas letras misturadas, ao seu redor estão colegas de diferentes períodos de sua vida, todos com olhares direcionados a Ana e sorrisos armados de comentários ácidos, os dentes aumentando com a mesma velocidade das paredes inundam seu corpo de saliva... suor, acorda transpirando em bicas e com o coração acelerado, demora alguns segundo até conseguir unir todas as lembranças de seu pesadelo e a primeira coisa que lhe vem a mente é que nunca foi tão bom estar acordada, se levanta da cama ainda meio atordoada, não tem ao mínimo "flashs" da noite passada, apenas um apagão entre a última dose da primeira garrafa de vodka e a terceira carreira de cocaína. Caminha até o banheiro, esquivando-se dos objetos espalhados por todo o seu quarto, prende seu cabelo em frente ao espelho e nota o sangue coagulado entre o nariz e seus lábios, abre o registro de seu chuveiro e sai por alguns instantes do seu banheiro, o suficiente para ligar seu aparelho de som, apertar um baseado e encontrar uma garrafa de vodka pela metade.
O baseado está pela metade e ainda não entrou debaixo do chuveiro, está apenas à contemplar a água cair e a fumaça se confundindo com o vapor, a garrafa de vodka já está em um quarto e por um momento lhe passou a idéia idiota pela mente de que comprar anti-séptico bucal era perca de tempo se o álcool possuía o mesmo efeito, é incrível como a música tinha a capacidade de lhe fazer sentir melhor, lhe fazer sentir viva, sempre sentia que as notas poderiam entrar em seu corpo, possuir seu sistema nervoso ou até mesmo eleva-la a transcendência. Seu banho mal estava pela metade e a unica coisa que lhe passava pela cabeça era "qual vai ser o programa, hein?", afinal de contas seu quarto já estava alaranjado e isto queria dizer que mais algumas horas e a melhor parte da vida iria começar, a vida noturna, se enxuga lentamente, acende um cigarro e se dá conta de que seu suprimento de álcool tinha acabado, se troca rapidamente e pega uma quantia de dinheiro na sua carteira e desce as escadas pensando "hoje será uma noite regada a álcool e benflogins".
Samuel Bradinsky
quinta-feira, 3 de março de 2011
Desaguadouro
Em filetes a água escorre por meu corpo em sua suave dança. Alongo meu braço, tento alcançá-la. Ela escorre por meus dedos, fugas em sua fluidez. Foge-me das mãos, como você, como o tempo indomável, como a vida que se esvai por min.
A água escoa para dentro do ralo, pelas entranhas escuras dos encanamentos. Escoa para dentro de meus poros, do profundo de meu ser.
Invade-me com a força da correnteza de um rio. Pulsa com intensidade da torrente da rotina em minha corrente sanguínea. Transborda em min como a chuva, me imunda com a fonte de viver.
Por esse rio de minhas veias escoa a vida em seu passar. Arrasta para a margem de minha pele todas as vivências, experiências, folhas que flutuam, pedras que rolam, dores e alegrias.
Esse rio passa com a rapidez do tempo, cavando rugas sobre o terreno arenoso de minha face. Por esses sulcos escorrem todas as lágrimas das tristezas já passadas, o suor de todo o esforço, árduo e seco da minha tez.
Passam por mim as águas. Passa por mim a vida. Esvai-se na fluidez de um riacho, hoje já sereno.
Escorre por meu corpo o ultimo filete de água, e me tira para a última dança.
Franco Saldaña.
quarta-feira, 2 de março de 2011
Apatia Crônica ou o Calor dos Signos
acasos, conversas e lirismo... não mais
foi quando um "hey" lhe abriu um novo leque
e a sensação de estar perdido novamente entre pensamentos
Não sentia nada mais que um vazio
uma tênue apatia por todos à sua volta
no entanto algumas expressões,
mesmo que escritas, às vezes se tornam calorosas em demasia
Douglas Albuquerque
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
Plágio Esquizofrênico
- Maldito!
- Maldito Santos Dumont!
- Roubou minha invenção!
- Maldito!
- Maldito filho da puta!
Bile Gancho
Nau Imaginária
rifo-me à turbulenta cromática
desprenda-se do signo das palavras
Destrua... sentidos
Despersonificação ou o homem vegetal?
Larga-me
Sem
Destino
Douglas Albuquerque
Perpétua
fez soar clarins noite adentro
na calada das noites, o estalido
dos ossos constantes em movimento
Fúria celeste dos corpos decrépitos
o ranger dos dentes, cortando a noite calada
ou o tilintar tênue das botas junto à madeira
um pequeno feixe de luz o separa, face ao espelho
Aqui vivemos a necrofagia dos anos 70
Aqui nos vemos estagnados na ultra-contemporaneidade medíocre
Aqui não há mais fios de significados à volta
Aqui te vomitam o contrato social
Entre mesas não mais que um estranho
Entre-mentes etéreo... etéreo
Entretanto, Todavia, No entanto
me entrego a simplicidade de um vagabundo
crônico.
Vladmir Fergursson
domingo, 20 de fevereiro de 2011
Abs(cons)tr(a/u)ção
(de) A A
AGR D R
RE
sau de
(CO)+leTivo
|
Samuel Bradinsky e Ivar Abnara
sábado, 19 de fevereiro de 2011
Entre à Lâmina do Cotidiano
Entre Entranhas e Esgotos
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
O Poste e o Concreto
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
Lirismo Desconexo
Pois os pássaros podem naufragar os viajantes
Eu te espero por vir
domingo, 13 de fevereiro de 2011
Verbo e Veneno
para seus dizeres se fazerem sangue
Beije-me, beije-me com ardor!
me enxa de saliva, catarro e pús
e todas as suas palavras podres
deixa um rastro cor Coral, cobra
possessiva, me demarca território
navalha traiçoeira que me degola
sua saliva ácida me corrói a fala
todas as indecências que pensas,
gaste seu vocabullário mais sórdido
deixe me ouvir, grite! Me insulte!
Vomite suas palavras mais imundas
sua sede não é de sexo, é de sangue
Então me sugue pra dentro de ti,
estraçalhe a minha carcaça podre.
Me engula, me devore, me digira!
mais um homem mutilado por ti
morto por suas palavras, seu veneno
sábado, 12 de fevereiro de 2011
Sanatório, Parte 2 - O Diário
Renato chegou atrasado para “me visitar” hoje, detesto quando ele faz isto, ele tem plena consciência de que não há nada, além das paredes que me cercam, que são do meu interesse nesta instituição, quer dizer nada que me interesse nas atuais circunstâncias e diga-se de passagem nos últimos dias tenho sentido raiva de suas “visitas”, isto é, estou eu longe de minha família, num ambiente em que, além de minha consciência, não existem pessoas patologicamente lúcidas para trocar palavras, sinto falta até de conversas medíocres como aquelas sobre episódios de novela que ouvia ao acaso na fila do supermercado e não tenho nada para fazer o dia todo, há não ser sentar numa cadeira e esperar minha existência passar diante de meus olhos... Como sinto falta da rotina do trabalho! E o que mais agrava o que sinto pelo Renato é o fato de que ele está exercendo todas as funções que eram antes atribuídas a minha pessoa neste hospital, e o pior de tudo é que o meu afastamento, assim como meu ingresso nessas “férias de outono” foram discutidas abertamente com ele, porém eu tenho consciência de que precisava disto, pois o excesso de trabalho somado com meu constante acumulo de envolvimento com meus pacientes estavam esgotando minha saúde mental, o que me conforta é que ainda estou racional ao ponto de não deixar esses sentimentos de angústia, por estar nesta condição, abalar minha amizade com o Renato.
Não que isto seja fácil, pois nos últimos dias meu humor andou muito à flor da pele, quiçá o tempo em que estou exilado em meu quarto seja o grande ocasionador destas inconstâncias emocionais, e isso se agrava quando ele em algum lapso de camaradagem faz um ou outro comentário engraçado na tentativa de levantar minha força de vontade de encarar a situação, hoje, por exemplo, estávamos conversando após a consulta e ele me disse em tom de deboche “Que isto João, não se preocupe tanto com sua alta, você sabe tão bem quanto eu que isto era a única solução, encare isto como suas ‘férias de outono’”, mesmo com toda a minha racionalidade e temperança custou muito apagar a imagem que minha mente projetara de minha possível ação de pular sob seu pescoço com as mãos esganando-o bem com uma delas e fazê-lo comer todas suas anotações com a outra, juntamente com seus dentes é claro, esse pensamento não durou mais que três segundos, o suficiente para encaixar outro clichê com tom de deboche, na ânsia de acabar com a situação. O que me conforta é que ele providenciará uma nova limpeza ao meu quarto, já até perdi a conta de quantas vezes reclamei sobre o maldito cheiro de carne queimada que insiste em perfumar o ambiente, ele considera que foi um choque o acontecimento de dias antes de meu ingresso e que isto fez com que minha mente reproduzisse este odor com frequência. E por falar em limpeza, é engraçado como não me lembro de ter visto algum dos membros da limpeza nas últimas semanas em meu quarto e/ou próximo à janela de meu quarto, no entanto acho que essa conclusão é fruto de alguma possível paranoia na qual estou sempre me induzindo.