segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

terça-feira, 12 de julho de 2011

Dia após dia.

Dia após dia, a dona de casa varre o chão.
Bate os tapetes persas, espana os móveis
luta contra a sujeira de sua existência
imunda, inútil, insignificante.

Dia após dia a poeira insiste em impregnar
os vasos de porcelana com tulipas de plástico.
Ela diz que são práticas, não precisam de água
pois nesse lar não há vida para se cultivar.

Dia após dia a poeira insiste em cair ao chão.
Células mortas que escamam de um ser sem sentido.
Corpúsculos moribundos, grãos de uma ampulheta
que contam as horas do fim, a cada gão derramado.

Dia após dia a dona de casa varre o chão
colhe do túmulo seu próprio cadáver em partes.
Sementes inférteis derramadas ao assoalho
frutos podres de uma vida vazia.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Apenas um belo lar. (Prelúdio de uma vida exemplar)

Vidas vazias amontoadas em concreto.
Uma em cima das outras em apartamentos
em mobílias novas, lustres de cristal
frutas de cera no arranjo da mesa,

paisagem morta.
Concreto e ostentação.

Vidas sem vida.
Apenas aparências.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Hemorragia Existencial

Em estrondo se esoura a janela,
estilhaços de vidro pelo chão.
Adentra a noite negra em corvo,
que pacientemente espreita o ato.

O espelho revela um rosto disforme
não reconheço mais um humano
nestas rugas que me cobrem

Me faço um estranho,
para min mesmo

Olá, prazer em conhecê-lo
me chamo ninguém.

Em fragmentos se desfaz o espelho
reflexo de uma imagem hedônea falsa.
Memórias em cacos pelo assoalho.

Descasco minha pele aos poucos,
corvo que destroça a carcaça,
detritos de minha crosta pelo chão

O sangue me cobre a face
e me vejo vermelho, crú

Me enxergo como sou, nú
carne pulsante, podre e mortal.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Multi Dantes

Multi dantes/ Grandes faces/ Sorrisos amarelos/ Sol branco/ Alvejando tudo que quero deixar em escuro/ Perpetuo viajante/ Eterna piada/ Sentido?/ O futuro que me cerca de paredes/ Labirinto assombrado/ E o quente caminhar/ Que deixei no passado me acompanha/ Para me dizer o que todos dizem/ Sorria esta sendo filmado/ Alma do desconsolado/ Solidão do porão/ Tela dos desesperados/ Vida dos encharcados/ Lagrimas escorrem/ Corro em meias molhadas/

Mundolandia

E desculpe se de longe eu caminho Mas é uma estrada a ser construída E nela vou caminhar Mas são poucos que vivem para falar Das asperezas causadas pela construção dos passos Não quero dizer que estou sozinho Mas sim Que quando eu estiver com você Quero o melhor de mim Para o melhor de todos É engraçado Por que quando estou só quero com você Conversar E quando quero conversar Quero pensar em você E em todos que fazem esse mundo girar Mais louco que eu Esse mundo não caminha Mas se vai em dança rouca E nessas nos engole Consome e nos faz cada vez menores Mas eu sei que é pra manter a segurança De uma grande maquina que nunca para Que nunca apaga E sempre diz Compra consuma e se venda No final todos só querem se vender E quem quer se encontrar e encontrar algo Se perde. E quem caminha vê a dança E caso dançe, faz sozinho A procura de outros caminhantes Vagantes que só se acham No interlúdio do mundo Essa grande dissonância Essa grande mudança

segunda-feira, 7 de março de 2011

Ana Anfetamina

Um pequeno feixe de luz oblíquo atravessava boa parte de seu quarto até encontrar suas costas, o pequeno feixe parte de uma das frestas de sua janela até encontrar suas costas, a pequenina luminosidade produzida parecia acariciar sua pele, com um brilho polido em sua face e um ar opaco em seus olhos que concediam um aspecto cadavérico a Ana, segundos depois suas pupilas começam a tilintar em sua íris, reviram o quarto em busca de emoções escondidas, talvez imersas entre os móveis ou refugiadas através das paredes, sua vista encontra apenas lençóis sujos de sangue, seringas usadas, garrafas de bebida, um cinzeiro jogado, filtros e cinzas de cigarros revoltos entre cartelas de comprimidos vazias. A primeira tentativa, de se levantar da cama foi totalmente falha, pois seus membros pareciam protestar contra toda uma existência de abusos e excessos, com um pouco de esforço consegue espremer seus músculos até conseguir colocar o queixo entre seus joelhos e abraçar suas pernas, a segunda tentativa, de expandir sua visão até o resto do quarto também é falha uma confusão em diferentes tonalidades de preto, todos os sentidos frustrados, com exceção da audição que, ora ou outra, é acariciada com o tilintar de seu mensageiro dos ventos.
Silêncio contínuo, o vento não mais trespassava as frestas de sua janela, calando o mensageiro, uma terceira tentativa, agora movimenta seu braço direito bruscamente encostando sucessivas vezes sua mão na parede na tentativa de encontrar o interruptor, sem sucesso, seus membros estão anestesiados por demasia, volta a se encolher no centro da cama, com seus pensamentos alvoroçados que a envolvem como em um manto, cai no sono.
Esta numa sala de aula, as paredes se tornam maiores cada vez mais, parecem intimida-la, o barulho de passos e as conversas nos corredores são como bombas caindo em seus ouvidos, o pouco que se encontrava escrito no quadro negro está sem nexo, borrões em branco e algumas letras misturadas,  ao seu redor estão colegas de diferentes períodos de sua vida, todos com olhares direcionados a Ana e sorrisos armados de comentários ácidos, os dentes aumentando com a mesma velocidade das paredes inundam seu corpo de saliva... suor, acorda transpirando em bicas e com o coração acelerado, demora alguns segundo até conseguir unir todas as lembranças de seu pesadelo e a primeira coisa que lhe vem a mente é que nunca foi tão bom estar acordada, se levanta da cama ainda meio atordoada, não tem ao mínimo "flashs" da noite passada, apenas um apagão entre a última dose da primeira garrafa de vodka e a terceira carreira de cocaína. Caminha até o banheiro, esquivando-se dos objetos espalhados por todo o seu quarto, prende seu cabelo em frente ao espelho e nota o sangue coagulado entre o nariz e seus lábios, abre o registro de seu chuveiro e sai por alguns instantes do seu banheiro, o suficiente para ligar seu aparelho de som, apertar um baseado e encontrar uma garrafa de vodka pela metade.
O baseado está pela metade e ainda não entrou debaixo do chuveiro, está apenas à contemplar a água cair e a fumaça se confundindo com o vapor, a garrafa de vodka já está em um quarto e por um momento lhe passou a idéia idiota pela mente de que comprar anti-séptico bucal era perca de tempo se o álcool possuía o mesmo efeito, é incrível como a música tinha a capacidade de lhe fazer sentir melhor, lhe fazer sentir viva,  sempre sentia que as notas poderiam entrar em seu corpo, possuir seu sistema nervoso ou até mesmo eleva-la a transcendência. Seu banho mal estava pela metade e a unica coisa que lhe passava pela cabeça era "qual vai ser o programa, hein?", afinal de contas seu quarto já estava alaranjado e isto queria dizer que mais algumas horas e a melhor parte da vida iria começar, a vida noturna, se enxuga lentamente, acende um cigarro e se dá conta de que seu suprimento de álcool tinha acabado, se troca rapidamente e pega uma quantia de dinheiro na sua carteira e desce as escadas pensando "hoje será uma noite regada a álcool e benflogins".


Samuel Bradinsky

quinta-feira, 3 de março de 2011

Desaguadouro

Em filetes a água escorre por meu corpo em sua suave dança. Alongo meu braço, tento alcançá-la. Ela escorre por meus dedos, fugas em sua fluidez. Foge-me das mãos, como você, como o tempo indomável, como a vida que se esvai por min.

A água escoa para dentro do ralo, pelas entranhas escuras dos encanamentos. Escoa para dentro de meus poros, do profundo de meu ser.

Invade-me com a força da correnteza de um rio. Pulsa com intensidade da torrente da rotina em minha corrente sanguínea. Transborda em min como a chuva, me imunda com a fonte de viver.

Por esse rio de minhas veias escoa a vida em seu passar. Arrasta para a margem de minha pele todas as vivências, experiências, folhas que flutuam, pedras que rolam, dores e alegrias.

Esse rio passa com a rapidez do tempo, cavando rugas sobre o terreno arenoso de minha face. Por esses sulcos escorrem todas as lágrimas das tristezas já passadas, o suor de todo o esforço, árduo e seco da minha tez.

Passam por mim as águas. Passa por mim a vida. Esvai-se na fluidez de um riacho, hoje já sereno.

Escorre por meu corpo o ultimo filete de água, e me tira para a última dança.


Franco Saldaña.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Apatia Crônica ou o Calor dos Signos

Já se via perdido entre lembranças
acasos, conversas e lirismo... não mais
foi quando um "hey" lhe abriu um novo leque
e a sensação de estar perdido novamente entre pensamentos

Não sentia nada mais que um vazio
uma tênue apatia por todos à sua volta
no entanto algumas expressões,
mesmo que escritas, às vezes se tornam calorosas em demasia


Douglas Albuquerque

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011


Releitura gráfica do poema "Súbito".

Plágio Esquizofrênico

- Pare! Não ande nessa nave
- Maldito!
- Maldito Santos Dumont!
- Roubou minha invenção!
- Maldito!
- Maldito filho da puta!


Bile Gancho

Nau Imaginária

Avesso, Contrário
rifo-me à turbulenta cromática
desprenda-se do signo das palavras
Destrua... sentidos
Despersonificação ou o homem vegetal?

Larga-me
Sem
Destino


Douglas Albuquerque

Perpétua

O lamento das almas intrépidas
fez soar clarins noite adentro
na calada das noites, o estalido
dos ossos constantes em movimento

Fúria celeste dos corpos decrépitos
o ranger dos dentes, cortando a noite calada
ou o tilintar tênue das botas junto à madeira
um pequeno feixe de luz o separa, face ao espelho

Aqui vivemos a necrofagia dos anos 70
Aqui nos vemos estagnados na ultra-contemporaneidade medíocre
Aqui não há mais fios de significados à volta
Aqui te vomitam o contrato social

Entre mesas não mais que um estranho
Entre-mentes etéreo... etéreo
Entretanto, Todavia, No entanto
me entrego a simplicidade de um vagabundo
crônico.


Vladmir Fergursson

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Abs(cons)tr(a/u)ção

  su
(nau)frágio
                  lidade                                              ta
                                                           a           v
                                                         (des)graça  do
                                                            en
                                                Z
                                         A-(D)EUS
                                            sem(pre)
                                                              ciso?             G
                                                                     (de)    A   A
                                                                         AGR  D  R
                                                                    P  O      E   I
                                                                      RE
          sau   de
                    ida
  ex-comun(gar)
                      hão

                               (soli)tude                           
                                  vir    à                               texto
 margi                                                           conceito
            NAL                                     PRE  (Juízo)
  regio                                                           Feito.
                                A
         Destrutivo
         J          
         E        
   (CO)+leTivo      
         |                                                             
                           S.O.S                                       cabe     
                                                                                       zas
                                                                              cabe       y
                                                                                       traz 
       hi
         PE
    r  feita.
     bo     -     le
                           Á
                                                                            l
                           B i li(e)s




Samuel Bradinsky e Ivar Abnara

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Entre à Lâmina do Cotidiano

Das noites envoltas à cores e pensamentos
Estou aqui imerso na inconstante racionalidade
E é incrível como o avesso me leva sempre a tua janela
Não, isto são apenas palavras ao acaso

Deveras não há medida para se definir ação
ou a falta de ensaios que me induz a falha
E o passado ignora rasuras e me esconde as borrachas
No entanto, é apenas o silêncio que me apunhala dia após dia


Douglas Albuquerque

Entre Entranhas e Esgotos

Vagando torpe, pelas ruas
me perdi em bares e becos
em tropeços e desconcertos

Vultos errantes vagam por min
e pelas vias da cidade se esvaem
na corrente circulação da metropole

Na dor de cada pulso o sangue insiste
em correr pesado por minhas veias,
(vias perdidas de minhas entranhas)
e mover este corpo pútrido
que ja nasce fadado a morte.

Torpe, descambo pelas sargetas sujas
e como o vômito escoo num boeiro imundo.
No oco dos esgotos de minhas entranhas
entre fezes e restos que se decompõem
busco o beco escuro inabitado em min.

O vagar incessante resume,
a busca inalcançada do Ser
que nunca foi nada.

Apenas restos,
somente fezes
a madrugada.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O Poste e o Concreto

(...)

Passos, dizeres e des-dizeres
Inconstante fuga que me trás seu retrato
Ruas e sublimes colorações ainda vívidos em meu consciente
e a serenidade que conservo em meus versos
e que encontro em teus olhos...

Arnaldo Benjamin Côrrea

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Lirismo Desconexo

O coelho de gravata não para
O corvo com lapela se enquadra
Não se mova para a espiral dançante
Pois os pássaros podem naufragar os viajantes

Eu te quero aqui
Eu te espero por vir

O grito que sucede às asas de uma borboleta
Latitude constante somada à vertigem
Por que estamos parados e ainda assim nossos pés continuam se movendo?
essa insônia que não cessa a lucidez de meus sonhos

Gafanhotos e besouros aqui passeiam meio à flora incandescente
Não espere por colheitas do amanhã
Não espere por colheitas do amanhã


Douglas Albuquerque

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Verbo e Veneno

Pinte os lábios de Carmin, querida
que hoje a noite é tão convidativa
para seus dizeres se fazerem sangue

Beije-me, beije-me com ardor!
me enxa de saliva, catarro e pús
e todas as suas palavras podres

Sua boca escorre por meu corpo
deixa um rastro cor Coral, cobra
possessiva, me demarca território

Sua lingua desliza por meu pescoço
navalha traiçoeira que me degola
sua saliva ácida me corrói a fala

Sussurre em meus ouvidos, querida
todas as indecências que pensas,
gaste seu vocabullário mais sórdido

Gema em meu ouvido, canalha
deixe me ouvir, grite! Me insulte!
Vomite suas palavras mais imundas

Me seduza com sua dança, serpente
eu conheço a sua libido, mulher
sua sede não é de sexo, é de sangue

Então me sugue pra dentro de ti,
estraçalhe a minha carcaça podre.
Me engula, me devore, me digira!

Me faz mais uma de suas presas
mais um homem mutilado por ti
morto por suas palavras, seu veneno


Franco Saldaña.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Sanatório, Parte 2 - O Diário

Renato chegou atrasado para “me visitar” hoje, detesto quando ele faz isto, ele tem plena consciência de que não há nada, além das paredes que me cercam, que são do meu interesse nesta instituição, quer dizer nada que me interesse nas atuais circunstâncias e diga-se de passagem nos últimos dias tenho sentido raiva de suas “visitas”, isto é, estou eu longe de minha família, num ambiente em que, além de minha consciência, não existem pessoas patologicamente lúcidas para trocar palavras, sinto falta até de conversas medíocres como aquelas sobre episódios de novela que ouvia ao acaso na fila do supermercado e não tenho nada para fazer o dia todo, há não ser sentar numa cadeira e esperar minha existência passar diante de meus olhos... Como sinto falta da rotina do trabalho! E o que mais agrava o que sinto pelo Renato é o fato de que ele está exercendo todas as funções que eram antes atribuídas a minha pessoa neste hospital, e o pior de tudo é que o meu afastamento, assim como meu ingresso nessas “férias de outono” foram discutidas abertamente com ele, porém eu tenho consciência de que precisava disto, pois o excesso de trabalho somado com meu constante acumulo de envolvimento com meus pacientes estavam esgotando minha saúde mental, o que me conforta é que ainda estou racional ao ponto de não deixar esses sentimentos de angústia, por estar nesta condição, abalar minha amizade com o Renato.

Não que isto seja fácil, pois nos últimos dias meu humor andou muito à flor da pele, quiçá o tempo em que estou exilado em meu quarto seja o grande ocasionador destas inconstâncias emocionais, e isso se agrava quando ele em algum lapso de camaradagem faz um ou outro comentário engraçado na tentativa de levantar minha força de vontade de encarar a situação, hoje, por exemplo, estávamos conversando após a consulta e ele me disse em tom de deboche “Que isto João, não se preocupe tanto com sua alta, você sabe tão bem quanto eu que isto era a única solução, encare isto como suas ‘férias de outono’”, mesmo com toda a minha racionalidade e temperança custou muito apagar a imagem que minha mente projetara de minha possível ação de pular sob seu pescoço com as mãos esganando-o bem com uma delas e fazê-lo comer todas suas anotações com a outra, juntamente com seus dentes é claro, esse pensamento não durou mais que três segundos, o suficiente para encaixar outro clichê com tom de deboche, na ânsia de acabar com a situação. O que me conforta é que ele providenciará uma nova limpeza ao meu quarto, já até perdi a conta de quantas vezes reclamei sobre o maldito cheiro de carne queimada que insiste em perfumar o ambiente, ele considera que foi um choque o acontecimento de dias antes de meu ingresso e que isto fez com que minha mente reproduzisse este odor com frequência. E por falar em limpeza, é engraçado como não me lembro de ter visto algum dos membros da limpeza nas últimas semanas em meu quarto e/ou próximo à janela de meu quarto, no entanto acho que essa conclusão é fruto de alguma possível paranoia na qual estou sempre me induzindo.

Ultimamente também ando tendo sonhos tumultuados por demasia, porém esta não é a hora pra que eu começar a relatar os mesmos em minha “consciência escrita”, nem consigo defini-los, apenas ter vagas recordações de algo como uma fogueira, o mais intrigante é que vez ou outra esses sonhos conseguem me tirar o sono, espero conseguir recordar algo mais concreto que um esboço, isto seria uma maneira e
tanto de “diminuir minhas férias”.




09 de Junho


João Augusto de Oliveira

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Das noites com Lilith

É de suscitar os acordes dissonantes
que me prendo à fitar teus olhos, junto à fumaça
acaso fora apenas uma ilusão súbita
das que surgem entre ritmo e notas

É de viver neste mundo que levo aos meus pulmões sorvos de coragem
Que antecedem os passos e se confundem às gotas de vinho
gotas frias, que umedecem os lábios e vez ou outra lépidos dedos

Segredos, saliva e minhas mãos trêmulas
uma súbita sensação de estar sendo dominado
pernas roçando de leve entre os lençóis
e breves recordações, lidas em cinza, nas matizes da manhã seguinte

Arnaldo Benjamin Corrêa