quinta-feira, 19 de maio de 2011

Hemorragia Existencial

Em estrondo se esoura a janela,
estilhaços de vidro pelo chão.
Adentra a noite negra em corvo,
que pacientemente espreita o ato.

O espelho revela um rosto disforme
não reconheço mais um humano
nestas rugas que me cobrem

Me faço um estranho,
para min mesmo

Olá, prazer em conhecê-lo
me chamo ninguém.

Em fragmentos se desfaz o espelho
reflexo de uma imagem hedônea falsa.
Memórias em cacos pelo assoalho.

Descasco minha pele aos poucos,
corvo que destroça a carcaça,
detritos de minha crosta pelo chão

O sangue me cobre a face
e me vejo vermelho, crú

Me enxergo como sou, nú
carne pulsante, podre e mortal.

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