domingo, 13 de fevereiro de 2011

Verbo e Veneno

Pinte os lábios de Carmin, querida
que hoje a noite é tão convidativa
para seus dizeres se fazerem sangue

Beije-me, beije-me com ardor!
me enxa de saliva, catarro e pús
e todas as suas palavras podres

Sua boca escorre por meu corpo
deixa um rastro cor Coral, cobra
possessiva, me demarca território

Sua lingua desliza por meu pescoço
navalha traiçoeira que me degola
sua saliva ácida me corrói a fala

Sussurre em meus ouvidos, querida
todas as indecências que pensas,
gaste seu vocabullário mais sórdido

Gema em meu ouvido, canalha
deixe me ouvir, grite! Me insulte!
Vomite suas palavras mais imundas

Me seduza com sua dança, serpente
eu conheço a sua libido, mulher
sua sede não é de sexo, é de sangue

Então me sugue pra dentro de ti,
estraçalhe a minha carcaça podre.
Me engula, me devore, me digira!

Me faz mais uma de suas presas
mais um homem mutilado por ti
morto por suas palavras, seu veneno


Franco Saldaña.

Um comentário:

Großer disse...

Preciso te deixar com raiva mais vezes.