segunda-feira, 5 de julho de 2010

Quiçá

Aos passos que meus olhos compreendem a individualizada evolução dos homens
sinto um leve asco pairar sobre meu estômago
Quiçá seja a sutil verossimilhança entre a hipnopédia dos romances de Huxley
e as propagandas com seu beharviorismo tênue, promovidas pelo olho absorvente: TV
ambos tão enredados que,
me vêm a mente a transcendência do superorgânico ao primata domesticado

Quiçá esteja cometendo um grande crime praticando o duplipensar
mas que culpa tenho eu, se minha ânsia e essência se fundem ao caos?
se mesmo em minhas mais sublimes meditações, contemplando uma margem de rio
consigo perceber fractais que se recriam sempre que a areia é movida...
Quiçá até minha essência seja uma arma psicológica da policia do pensamento
quando abrem espaço para a mesma se identificar mediante a ética e a moral

Que somente a dúvida acalentaria a razão humana!
e que os homens se tornem cada vez mais cães dóceis
que se contentam com uma cama que os protegem do frio da madrugada
suas tigelas de ração diárias e seus ossos ultra-tecnológicos
Quiçá a liberdade seja um mero esboço...


Emmanuel Goldstein

sábado, 3 de julho de 2010

Masoquismo

Deixe-me provar teu do medo
do trauma, da auto-tortura
psicológica, fisiológica.

Deixe me sentir a humilhação,
o remorso da culpa que corrói,
o arder do tapa na cara merecido

O impacto bruto de um punho
um soco no meio da fuça, a realidade.
O amargo da vida que me escorre da boca
do sangue quente e pulsante.

Deixe-me só, deixe-me sentir
a ferida aberta que não estanca
o hematoma imundo a inflamar,
o pus podre que fede a cadáver

Os medos que me fazem covarde.
Os traumas que me fazem humano.

Da dor depois da surra
que me faz sentir vivo.


Franco Saldaña.