
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
Plágio Esquizofrênico
- Maldito!
- Maldito Santos Dumont!
- Roubou minha invenção!
- Maldito!
- Maldito filho da puta!
Bile Gancho
Nau Imaginária
rifo-me à turbulenta cromática
desprenda-se do signo das palavras
Destrua... sentidos
Despersonificação ou o homem vegetal?
Larga-me
Sem
Destino
Douglas Albuquerque
Perpétua
fez soar clarins noite adentro
na calada das noites, o estalido
dos ossos constantes em movimento
Fúria celeste dos corpos decrépitos
o ranger dos dentes, cortando a noite calada
ou o tilintar tênue das botas junto à madeira
um pequeno feixe de luz o separa, face ao espelho
Aqui vivemos a necrofagia dos anos 70
Aqui nos vemos estagnados na ultra-contemporaneidade medíocre
Aqui não há mais fios de significados à volta
Aqui te vomitam o contrato social
Entre mesas não mais que um estranho
Entre-mentes etéreo... etéreo
Entretanto, Todavia, No entanto
me entrego a simplicidade de um vagabundo
crônico.
Vladmir Fergursson
domingo, 20 de fevereiro de 2011
Abs(cons)tr(a/u)ção
(de) A A
AGR D R
RE
sau de
(CO)+leTivo
|
Samuel Bradinsky e Ivar Abnara
sábado, 19 de fevereiro de 2011
Entre à Lâmina do Cotidiano
Entre Entranhas e Esgotos
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
O Poste e o Concreto
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
Lirismo Desconexo
Pois os pássaros podem naufragar os viajantes
Eu te espero por vir
domingo, 13 de fevereiro de 2011
Verbo e Veneno
para seus dizeres se fazerem sangue
Beije-me, beije-me com ardor!
me enxa de saliva, catarro e pús
e todas as suas palavras podres
deixa um rastro cor Coral, cobra
possessiva, me demarca território
navalha traiçoeira que me degola
sua saliva ácida me corrói a fala
todas as indecências que pensas,
gaste seu vocabullário mais sórdido
deixe me ouvir, grite! Me insulte!
Vomite suas palavras mais imundas
sua sede não é de sexo, é de sangue
Então me sugue pra dentro de ti,
estraçalhe a minha carcaça podre.
Me engula, me devore, me digira!
mais um homem mutilado por ti
morto por suas palavras, seu veneno
sábado, 12 de fevereiro de 2011
Sanatório, Parte 2 - O Diário
Renato chegou atrasado para “me visitar” hoje, detesto quando ele faz isto, ele tem plena consciência de que não há nada, além das paredes que me cercam, que são do meu interesse nesta instituição, quer dizer nada que me interesse nas atuais circunstâncias e diga-se de passagem nos últimos dias tenho sentido raiva de suas “visitas”, isto é, estou eu longe de minha família, num ambiente em que, além de minha consciência, não existem pessoas patologicamente lúcidas para trocar palavras, sinto falta até de conversas medíocres como aquelas sobre episódios de novela que ouvia ao acaso na fila do supermercado e não tenho nada para fazer o dia todo, há não ser sentar numa cadeira e esperar minha existência passar diante de meus olhos... Como sinto falta da rotina do trabalho! E o que mais agrava o que sinto pelo Renato é o fato de que ele está exercendo todas as funções que eram antes atribuídas a minha pessoa neste hospital, e o pior de tudo é que o meu afastamento, assim como meu ingresso nessas “férias de outono” foram discutidas abertamente com ele, porém eu tenho consciência de que precisava disto, pois o excesso de trabalho somado com meu constante acumulo de envolvimento com meus pacientes estavam esgotando minha saúde mental, o que me conforta é que ainda estou racional ao ponto de não deixar esses sentimentos de angústia, por estar nesta condição, abalar minha amizade com o Renato.
Não que isto seja fácil, pois nos últimos dias meu humor andou muito à flor da pele, quiçá o tempo em que estou exilado em meu quarto seja o grande ocasionador destas inconstâncias emocionais, e isso se agrava quando ele em algum lapso de camaradagem faz um ou outro comentário engraçado na tentativa de levantar minha força de vontade de encarar a situação, hoje, por exemplo, estávamos conversando após a consulta e ele me disse em tom de deboche “Que isto João, não se preocupe tanto com sua alta, você sabe tão bem quanto eu que isto era a única solução, encare isto como suas ‘férias de outono’”, mesmo com toda a minha racionalidade e temperança custou muito apagar a imagem que minha mente projetara de minha possível ação de pular sob seu pescoço com as mãos esganando-o bem com uma delas e fazê-lo comer todas suas anotações com a outra, juntamente com seus dentes é claro, esse pensamento não durou mais que três segundos, o suficiente para encaixar outro clichê com tom de deboche, na ânsia de acabar com a situação. O que me conforta é que ele providenciará uma nova limpeza ao meu quarto, já até perdi a conta de quantas vezes reclamei sobre o maldito cheiro de carne queimada que insiste em perfumar o ambiente, ele considera que foi um choque o acontecimento de dias antes de meu ingresso e que isto fez com que minha mente reproduzisse este odor com frequência. E por falar em limpeza, é engraçado como não me lembro de ter visto algum dos membros da limpeza nas últimas semanas em meu quarto e/ou próximo à janela de meu quarto, no entanto acho que essa conclusão é fruto de alguma possível paranoia na qual estou sempre me induzindo.