Pos-se então a andar, não apenas para encontrar seu abrigo, no fundo de sua alma suas pernas se moviam para o acaso, sua vida não andara lhe caindo muito bem, como um copo de whiskey que sucede a embriaguez, a cada instante seus olhos buscavam algo em sua caminhada noturna, quiçá seria a particularidade de iluminação do caminho percorrido ou a arquitetura do bairro visitado, quisera, por infelicidade de nosso observado, seus olhos estarem sedentos de si e seus ouvidos procurando algo como a estonteante sinfonia de seus batimentos cardíacos.
Passos e mais passos fizeram-o encontrar seu novo templo, uma pequena praça escondida das luzes ofuscantes de Marseille, a noite é mais que sublime, o sol apesar de nos acariciar com o calor e a segurança visual, também nos condena ao esconder com seu brilho a magnitude e exuberância de outros incontáveis astros em potencial. Sua cabeça exalara pensamentos, alguns pingavam pelos fios de cabelo, era hora de outro cigarro acesso enquanto contemplara as estrelas. Doce ilusão de nosso aventureiro solitário, não era nem sua terceira tragada quando percebera que os brilhos da abóboda celeste que fizera-o cessar sua caminhada noturna eram rápidos demais para ser astros e ao mesmo tempo lentos demais para cadências, "malditos projéteis voadores, maldita luminosidade em demasia, acaso não fosse esta escória de supra-engenheiros medíocres que produzem esses infames e fúteis anexos tecnológicos", pensara consigo. Era hora de descansar seu corpo pesado, recolher suas pupilas cansadas e sua alma sedenta de sonhos, pois a lucidez lhe condenará numa prisão de plástico e vidro.
Vladmir Fergursson
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