segunda-feira, 23 de maio de 2011

Apenas um belo lar. (Prelúdio de uma vida exemplar)

Vidas vazias amontoadas em concreto.
Uma em cima das outras em apartamentos
em mobílias novas, lustres de cristal
frutas de cera no arranjo da mesa,

paisagem morta.
Concreto e ostentação.

Vidas sem vida.
Apenas aparências.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Hemorragia Existencial

Em estrondo se esoura a janela,
estilhaços de vidro pelo chão.
Adentra a noite negra em corvo,
que pacientemente espreita o ato.

O espelho revela um rosto disforme
não reconheço mais um humano
nestas rugas que me cobrem

Me faço um estranho,
para min mesmo

Olá, prazer em conhecê-lo
me chamo ninguém.

Em fragmentos se desfaz o espelho
reflexo de uma imagem hedônea falsa.
Memórias em cacos pelo assoalho.

Descasco minha pele aos poucos,
corvo que destroça a carcaça,
detritos de minha crosta pelo chão

O sangue me cobre a face
e me vejo vermelho, crú

Me enxergo como sou, nú
carne pulsante, podre e mortal.